quinta-feira, 6 de junho de 2013

O Peixonauta e os devaneios de uma mãe esquisitinha



Faz pouco tempo que minha filhota descobriu o “Peixonauta”. Inspirado no cinema noir – apesar de utilizar cores vibrantes – é um desenho animado que narra os casos misteriosos do detive “Peixonauta” e de seus amigos Marina (uma menina) e Zico (um macaco). Muito bem produzido, sem nenhum tipo de violência, valoriza a preservação da natureza, a amizade e a solidariedade. É lindo. As músicas me soaram bastante familiares, até que resolvi pesquisar e descobri que se trata de uma animação 100% brasileira. Pronto, era o que faltava para que me apaixonasse de vez. Agora estamos as duas, mãe e filha, viciadas no “Peixonauta”.
Antes, porém, de me deixar encantar pelo peixe que voa e vive fora d’água protegido por sua roupa de astronauta, pensei com a cabeça de adulto: “Meu Deus! Que viagem! Como pode uma mente ser criativa assim a ponto de inventar um peixe com roupa de astronauta?! Por que isso?! Não podia ser algo mais simples?! Ô mente fértil essa, não?!” 
Aí lembrei que também tenho meus delírios...
Às vezes até consigo fazer com que algumas pessoas embarquem comigo, mas a maioria fica me olhando com cara esquisita – para essas eu devolvo o olhar esquisito e tento imaginar o que estão pensando de mim, de certo pensam que uso drogas, que sou maluca, esquizofrênica ou sei lá o quê. 
Juro que é tudo da minha cabeça, nunca li sobre isso, nem fui pesquisar... Gosto de embarcar nesta viagem como gosto de imaginar que ela é autêntica, inédita... Mas deve haver outros malucos como eu que viajam na mesma sintonia... Existe uma parte da óptica física que determina o mínimo e o máximo visível, quer dizer que o olho humano tem suas limitações. Alguns equipamentos (como microscópios, telescópios, satélites e afins) conseguem ampliar nossos limites visuais, mas ainda assim existem espaços que a humanidade não consegue visualizar – e talvez nunca consiga – principalmente no mundo macroscópico.
Penso na grandeza do Planeta Terra e na nossa pequeneza diante do Universo e ao mesmo tempo penso no mundo microscópico, naquilo que não podemos ver a olho nu, em cada componente das células que formam o corpo humano, nos microorganismos que vivem no interior do nosso corpo... E penso nas doenças que são produzidas quando há um desequilíbrio orgânico: a cândida, por exemplo, é um microorganismo que compõe a flora vaginal, quando o ph deste meio fica mais ácido, este fungo multiplica-se demasiadamente causando a candidíase. Outra analogia que pode ser feita é com o câncer. Segundo o Dr. David Servan-Schreiber, todos nós temos células cancerosas no organismo, mas nem todo mundo desenvolverá a doença. Em algumas pessoas, por algum motivo que a ciência ainda não consegue explicar, estas células se proliferam e se transformam de forma que originam os tumores, novamente remetendo a um desequilíbrio sistêmico.
Se tudo isso acontece dentro da gente, e se pudéssemos olhar para o nosso organismo do ponto de vista das células ou dos microorganismos, provavelmente este seria infinito... Então, quem garante que o universo é mesmo infinito? Não seria o Planeta Terra uma célula de um organismo muito maior? Um órgão talvez... E por tudo o que tem acontecido por aqui – a maneira como temos tratado o lugar onde vivemos, o desmatamento, a exploração econômica, desigualdades sociais, a falta de solidariedade... – não seríamos microorganismos multiplicando-nos de maneira desordenada, deixando doente este organismo denominado Universo? E as catástrofes naturais talvez sejam reações a algum fármaco ou outro tipo de tratamento que o Universo está fazendo para se curar.
Muita viagem da minha cabeça? Será uma hipótese possível? Não sei... Mas gosto de me perder nestes devaneios de vez em quando... Não gosto da ideia de que a humanidade é superior a tudo o que existe, nem de que nossa existência é de uma superioridade incontestável. Depois que descobri o peixe-astronauta resolvi não esconder minhas fantasias, meus devaneios... Existe gente com a mente muito mais fértil do que a minha e que não é considerada maluca, pelo contrário, até ganha dinheiro com isso! Aliás, a maternidade me permitiu ou me trouxe de volta a capacidade de exercitar as fantasias... Ao lado de uma criança deixamos a imaginação fluir... E é delicioso ser ridículo com os filhos. Pensando bem, eu não posso permitir que a razão estrague minha fantasia de estar vivendo dentro do corpo de alguém, mas adoraria que o “Peixonauta” me ajudasse a desvendar este mistério!

 - Bianca Velloso -

Um comentário: